Eu sei, deve ser bem difícil tolerar todos os meus defeitos, até porque você deve ter criado expectativas quanto a um mundo bem menos bagunçado que o meu. Talvez tenha me visto mais calma, menos impaciente, menos agitada e cheia de manias infantis.
Eu danço sozinha enquanto ninguém vê, eu choro cantando alguma música melosa que poucos curtem, gosto de calcinhas de vovó, prendo o cabelo com meia calça. Improviso roupas, faço as unhas em casa, corto o cabelo quando dá na telha.
Não seguro o ciúmes quando alguém parece "saidinho" de mais pro lado de quem está comigo, nao aguento mentiras, nao levo desaforo para casa. Fico com voce na sexta e no sábado ja acordo pensando em como seria se chegassemos a namorar, domingo já estou procurando algum bom pacote de viagens para passarmos o reveillon.
Exagerada na maior parte do tempo, choro com novelas, com filmes dramáticos, mas se estiver de mãos dadas seguro a barra e finjo ser forte, porque em mim quero o que o outro sempre veja que ha um porto seguro e portos seguros precisam ser bravos e firmes, então escondo minhas fraquezas.
Confiar em mim nao é dificil, mas é bem complicado se tornar confiável - sabe, eu, assim como quase todo mundo - ja sofri bastante por ceder rapido demais e acreditar no primeiro sorrisinho bonito que cruzou meu caminho, então hoje, infelizmente acabo punindo com uma cautela exarcebada, quem nada me fez de errado - ainda!
Não sei até quando alguém ficará ao meu lado, não sei se há mesmo alguém que fique por todo sempre, mas bem que gostaria de saber e encontrá-la. Nao sei a cor dos olhos, do cabelo, se usa perfumes doces ou mais intensos, nao sei curte pop ou carrega rock nos fones de ouvido. Se dorme cedo ou vira a madrugada como eu, mas seria importante saber se realmente existe. Enquanto isso.. tô aqui, escrevendo, tomando uma cerveja gelada, esperando alguma resposta positiva da vida.
Caso voce apareça, espero que decida ficar, melhor: que consiga! Porque eu sou bem franca ao assumir que nao é leve me pertencer e se deixar ser "minha", há um carrinho de mão vazio a ser preenchido com vários caquinhos despedaçados que ainda estão espalhados pelo chão, mas eles já nao cortam mais, nao doem, apenas ocupam alguns espaços que, se ficarem limpos de vez, deixarão tudo fresquinho para que você entre e se encaixe.
Fica, vai, fica e divide comigo o edredom macio, meu travesseiro com fronhas de cachorro, minha casa que mais parece um zoológico, minha vida que é um parque de diversões onde uns brinquedos dão medo, outros emoção, outros o vento no rosto e a vontade de viver e viver e viver.
Me aguenta durante uma noitada regada a dança e música alta, espera o porre da manhã seguinte passar, me compra flores mesmo que eu nao saiba regar, usa o anel que eu te der, mesmo que nao queira chamá-lo de aliança de compromisso(porque em todas as outras vezes nao deu certo quando era chamado assim). Me deixa chorar no seu ombro quando minha mãe nao estiver bem de saúde, quando a saudade da minha família apertar, quando o medo de ficar sozinha no mundo sufocar meu coração. Mesmo que eu nao seja "entendível", procura alguma razão pra me entender. As vezes me sinto perdida e mesmo que você nao consiga mudar isso, fica quieta ao meu lado, nem que seja só para bagunçar o meu silencio com o barulho da tua respiração. Tem dias que acordo transbordando tudo que você quiser, em outros estou plenamente vazia e só quero um canto para encostar a cabeça, fechar os olhos e fingir que acredito que tudo, uma hora, ficará plenamente bem.
Espero acordar amanhã. E melhor do que sentir que ainda estou viva e aqui, seria te ver por aqui também.
Fica, vai..
.. fica.